segunda-feira, 16 de julho de 2012

Feudalismo


“Alguns rezam, outros combatem e outros trabalham”

I-Introdução

A Idade Média, na Europa, caracterizou-se pelo aparecimento, apogeu e decadência de um sistema econômico, político, e social denominado feudalismo. Este sistema foi fruto de uma lenta integração, entre alguns traços da estrutura social romana e outros da estrutura social germânica, ocorrida entre os séculos V e IX.

Suas características gerais são: poder descentralizado (nas mãos dos senhores feudais), economia baseada na agricultura e utilização do trabalho dos servos.

II-Poder Político

Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania: suserano -é o senhor que concede feudos a seus protegidos; vassalo -é a pessoa que recebe o feudo e dedica ao senhor, fidelidade.

A cerimônia que estabelecia esse relacionamento tinha dois atos principais: a homenagem (juramento de fidelidade do vassalo perante o suserano) e a investidura (ato de entrega do feudo, ao vassalo, pelo suserano).

O poder político era local, isto é, descentralizado em relação ao rei, onde todos os poderes, jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).

Obs: O rei concedia terras a grandes senhores. Estes, por sua vez, davam terras a outros senhores menos poderosos, chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a seu favor. Quem concedia a terra era um suserano, e quem a recebia era um vassalo. As relações entre o suserano e o vassalo eram de obrigações mútuas, estabelecidas através de um juramento de fidelidade. Quando um vassalo era investido na posse do feudo pelo suserano, jurava prestar-lhe auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar proteção jurídica e militar ao vassalo. O feudo (terra) era o domínio de um senhor feudal. Não se sabe o tamanho médio desses feudos.

Não existe a noção de Estado ou mesmo de nação. Portant, consideramos o poder como localizado, ou seja, existente em cada feudo. Apesar da autonomia na administração da justiça em cada feudo, existiam dois elementos limitadores do poder senhorial. O primeiro é a própria ordem vassálica, onde o vassalo deve fidelidade a seu suserano; o segundo é a influência da Igreja Católica, única instituição centralizada, que ditava as normas de comportamento social na época, fazendo com que as leis obedecessem aos costumes e à " vontade de Deus". Dessa forma a vida quase não possuía variação de um feudo para outro.

É importante visualizar a figura do rei durante o feudalismo, como suserano-mor, no entanto sem poder efetivo devido a própria relação de suserania e a tendência á auto-suficiência econômica.

O termo feudo originariamente significava "benefício", algo concedido a outro, e que normalmente era terra, daí sua utilização como sinônimo da "propriedade senhorial".


III-Estamentos Feudais

A mobilidade social praticamente inexistia. As pessoas permaneciam a vida toda na mesma posição social, ou estamento. O senhor feudal exercia poder absoluto em seus domínios: aplicava as leis, concedia privilégios, administrava a justiça, declarava a guerra, fazia a paz. O servo tinha a posse útil da terra, devia obrigações e tinha o direito de ser protegido pelo senhor. Mas, além de servos e senhores, existiam outras condições sócias. As principais eram: vilões -homens livres, moradores da vila, que não estavam presos a terra; escravos -em geral empregados em serviços domésticos e em número reduzido;  ministeriais -ocupavam-se em geral da administração feudal e podiam ascender na escala social (cavaleiros) e o clero -exercia forte controle sobre a sociedade, pois além de ser responsável pela proteção espiritual da sociedade, era a única camada que tinha estudo. Não pagava impostos e arrecadava o dízimo.

Obs: A cavalaria era uma das principais instituições militares da nobreza. Os cavaleiros eram educados para obedecer ao suserano, honrar os parceiros da cavalaria e ser corteses com as damas. O aspecto físico era especialmente cultivado, enquanto o lado intelectual era deixado de lado.


V-Regime de Trabalho
O regime de trabalho se baseava nas obrigações devidas pelo servo ao senhor. As principais eram:
corvéia – prestação de trabalho gratuito durante vários dias da semana no manso senhorial; capitação – imposto pago por cabeça somente para o servo; o censo(ou foro) –espécie de renda paga somente pelos vilões ou homens livres; talha –entrega ao senhor da parte da produção obtida no manso servil; banalidades –pagamento ao senhor pelo uso das instalações do domínio (celeiro, moinho, forno, lagar, tonéis e moradia); taxa de justiça –cobrada pelo senhor quando o servo cometia uma infração e requeria julgamento em um tribunal presidido pelo senhor ou seu representante; taxa de casamento –cobrada quando o servo se casava com uma mulher de outro domínio; mão-morta –taxa paga pelos familiares do servo para continuar explorando a terra após a sua morte e prestações -espécie de hospitalidade forçada que os servos e vilões deviam oferecer aos grandes barões locais por ocasião de suas viagens, fornecendo alojamento e alimentação para toda a comitiva.
Obs: O servo também pagava o Tostão de Pedro, taxa que a igreja cobrava em épocas especiais.

VI-Economia Feudal
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. Cada feudo era auto-suficiente, produzindo quase tudo de que precisava. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado por bois era muito utilizado na agricultura.
As terras estavam divididas da seguinte forma: Campos Abertos – terras de uso comum, nas quais os servos recolhiam madeira e soltavam animais; Reserva Senhorial – terras pertencentes ao senhor feudal, de uso exclusivo. Manso Servil ou Tenência – terras utilizadas pelos servos para seu próprio sustento e para cumprir as obrigações feudais.
Obs: o comércio sempre existiu, apesar de irregular e de intensidade muito variável. Algumas mercadorias eram necessárias em todos os feudos mas encontradas apenas em algumas regiões, como o sal ou mesmo o ferro. Além desse comércio de produtos considerados fundamentais, havia o comércio com o oriente, de especiarias ou mesmo de tecidos, consumidos por uma parcela da nobreza (senhores feudais) e pelo alto clero. Apesar de bastante restrito, esse comércio já era realizado pelos venezianos.
Mesmo o servo participava de um pequeno comércio, ao levar produtos excedentes agrícolas para a feira da cidade, onde obtinha artesanato urbano, promovendo uma tímida integração entre campo e cidade. " A pequena produtividade fazia com que qualquer acidente natural (chuvas em excesso ou em falta, pragas) ou humano ( guerras, trabalho inadequado ou insuficiente) provocasse períodos de escassez" (1) Nesse sentido havia uma tendência a auto suficiência, uma preocupação por parte dos senhores feudais em possuir uma estrutura que pudesse prove-lo nessas situações.


VII-As Instituições Religiosas
A Igreja (servidora de Deus) procurava legitimar o modo de agir da aristocracia, afirmando que Deus tinha distribuído tarefas específicas a cada homem e que, portanto, uns deviam rezar pela salvação de todos (o clero), outros deviam lutar para proteger o povo de Deus (a nobreza) e os outros deviam alimentar com seu trabalho, aqueles que oravam e guerreavam (os camponeses).
OBS: A Igreja tinha grande poder ideológico e coercitivo sobre as pessoas da época e grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos trabalhando.


VIII-As Guerras
A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder. Os cavaleiros formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e espadas, representavam o que havia de mais nobre no período medieval. O residência dos nobres eram castelos fortificados, projetados para serem residências e, ao mesmo tempo, sistema de proteção.

IX- Educação, artes e cultura

Aeducação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.

A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.

Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente influenciadas pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.


X-O fim do feudalismo
O feudalismo não terminou de uma hora para outra, ou seja, de forma repentina. Ele foi aos poucos se enfraquecendo e sendo substituído pelo sistema capitalista. Podemos dizer o feudalismo começou a entrar em crise, em algumas regiões da Europa, já no século XII, com várias mudanças sociais, políticas e econômicas. O renascimento comercial, por exemplo, teve um grande papel na transição do feudalismo para o capitalismo.


XI-Curiosidade
Os nobres gastavam seus rendimentos em jóias e banquetes e ocupavam seu tempo em treinamentos no uso de armas (espada, lança e escudo), em torneios, duelos e caçadas, utilizando cães e cavalos amestrados, símbolo de pompa e riqueza. A necessidade de melhores equipamentos, armaduras e cotas de malhas contribuíram para o progresso da metalurgia.


BIBLIOGRAFIA

ARRUDA, José Jobson de A. & PILLETI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ática, 2000.

COTRIM, Gilberto. História para o Ensino Médio Brasil e Geral. São Paulo: Saraiva, 2002.

DIVALTE. História: Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2000.










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