“Alguns rezam, outros combatem e outros trabalham”
I-Introdução
A Idade Média, na Europa, caracterizou-se pelo
aparecimento, apogeu e decadência de um sistema econômico, político, e social
denominado feudalismo. Este sistema foi fruto de uma lenta integração, entre
alguns traços da estrutura social romana e outros da estrutura social
germânica, ocorrida entre os séculos V e IX.
Suas
características gerais são: poder descentralizado (nas mãos dos senhores
feudais), economia baseada na agricultura e utilização do trabalho dos servos.
II-Poder Político
Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania: suserano
-é o senhor que concede feudos a seus protegidos; vassalo -é a
pessoa que recebe o feudo e dedica ao senhor, fidelidade.
A cerimônia que estabelecia esse relacionamento tinha
dois atos principais: a homenagem
(juramento de fidelidade do vassalo perante o suserano) e a investidura (ato de entrega do feudo,
ao vassalo, pelo suserano).
O poder político era local, isto é, descentralizado em
relação ao rei, onde todos os poderes, jurídico, econômico e político
concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras
(feudos).
Obs: O rei concedia terras a grandes senhores. Estes, por sua
vez, davam terras a outros senhores menos poderosos, chamados cavaleiros, que,
em troca lutavam a seu favor. Quem concedia a terra era um suserano, e quem a
recebia era um vassalo. As relações entre o suserano e o vassalo eram de
obrigações mútuas, estabelecidas através de um juramento de fidelidade. Quando
um vassalo era investido na posse do feudo pelo suserano, jurava prestar-lhe
auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar proteção jurídica e
militar ao vassalo. O feudo (terra) era o domínio de um senhor feudal. Não se
sabe o tamanho médio desses feudos.
Não existe a noção de Estado ou mesmo de
nação. Portant, consideramos o poder como localizado, ou seja, existente em
cada feudo. Apesar da autonomia na administração da justiça em cada feudo,
existiam dois elementos limitadores do poder senhorial. O primeiro é a própria
ordem vassálica, onde o vassalo deve fidelidade a seu suserano; o segundo é a
influência da Igreja Católica, única instituição centralizada, que ditava as
normas de comportamento social na época, fazendo com que as leis obedecessem
aos costumes e à " vontade de Deus". Dessa forma a vida quase não
possuía variação de um feudo para outro.
É importante visualizar a figura do rei durante o
feudalismo, como suserano-mor, no entanto sem poder efetivo devido a própria
relação de suserania e a tendência á auto-suficiência econômica.
O termo feudo originariamente significava
"benefício", algo concedido a outro, e que normalmente era terra, daí
sua utilização como sinônimo da "propriedade senhorial".
III-Estamentos Feudais
A mobilidade social praticamente inexistia. As pessoas
permaneciam a vida toda na mesma posição social, ou estamento. O senhor feudal exercia poder absoluto em
seus domínios: aplicava as leis, concedia privilégios, administrava a justiça,
declarava a guerra, fazia a paz. O servo
tinha a posse útil da terra, devia obrigações e tinha o direito de ser
protegido pelo senhor. Mas, além de servos e senhores, existiam outras
condições sócias. As principais eram: vilões
-homens livres, moradores da vila, que não estavam presos a terra; escravos -em geral empregados em
serviços domésticos e em número reduzido; ministeriais
-ocupavam-se em geral da administração feudal e podiam ascender na escala
social (cavaleiros) e o clero -exercia
forte controle sobre a sociedade, pois além de ser responsável pela proteção espiritual da sociedade, era a única camada que tinha estudo. Não pagava impostos e arrecadava o dízimo.
Obs: A cavalaria
era uma das principais instituições militares da nobreza. Os cavaleiros eram
educados para obedecer ao suserano, honrar os parceiros da cavalaria e ser corteses
com as damas. O aspecto físico era especialmente cultivado, enquanto o lado
intelectual era deixado de lado.
V-Regime
de Trabalho
O regime de trabalho se baseava nas obrigações devidas
pelo servo ao senhor. As principais eram:
corvéia –
prestação de trabalho gratuito durante vários dias da semana no manso
senhorial; capitação – imposto pago
por cabeça somente para o servo; o censo(ou
foro) –espécie de renda paga somente pelos vilões ou homens livres; talha –entrega ao senhor da parte da
produção obtida no manso servil; banalidades
–pagamento ao senhor pelo uso das instalações do domínio (celeiro, moinho,
forno, lagar, tonéis e moradia); taxa de
justiça –cobrada pelo senhor quando o servo cometia uma infração e requeria
julgamento em um tribunal presidido pelo senhor ou seu representante; taxa de casamento –cobrada quando o
servo se casava com uma mulher de outro domínio; mão-morta –taxa paga pelos familiares do servo para continuar
explorando a terra após a sua morte e prestações
-espécie de hospitalidade forçada que os servos e vilões deviam oferecer aos
grandes barões locais por ocasião de suas viagens, fornecendo alojamento e
alimentação para toda a comitiva.
Obs: O servo também pagava o Tostão de Pedro, taxa que a igreja cobrava em épocas especiais.
VI-Economia
Feudal
A economia feudal baseava-se principalmente
na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As
trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a
terra possuía mais poder. Cada feudo era auto-suficiente, produzindo quase tudo
de que precisava. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção
era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente
rudimentares. O arado puxado por bois era muito utilizado na agricultura.
As terras estavam divididas da seguinte forma: Campos
Abertos – terras de uso comum, nas quais os servos
recolhiam madeira e soltavam animais; Reserva
Senhorial – terras pertencentes ao senhor feudal, de uso exclusivo. Manso Servil ou Tenência – terras
utilizadas pelos servos para seu próprio sustento e para cumprir as obrigações
feudais.
Obs: o comércio sempre existiu, apesar de irregular e de
intensidade muito variável. Algumas mercadorias eram necessárias em todos os
feudos mas encontradas apenas em algumas regiões, como o sal ou mesmo o ferro.
Além desse comércio de produtos considerados fundamentais, havia o comércio com
o oriente, de especiarias ou mesmo de tecidos, consumidos por uma parcela da
nobreza (senhores feudais) e pelo alto clero. Apesar de bastante restrito, esse
comércio já era realizado pelos venezianos.
Mesmo o servo participava de um pequeno comércio, ao
levar produtos excedentes agrícolas para a feira da cidade, onde obtinha
artesanato urbano, promovendo uma tímida integração entre campo e cidade.
" A pequena produtividade fazia com que qualquer acidente natural (chuvas
em excesso ou em falta, pragas) ou humano ( guerras, trabalho inadequado ou
insuficiente) provocasse períodos de escassez" (1) Nesse sentido havia uma
tendência a auto suficiência, uma preocupação por parte dos senhores feudais em
possuir uma estrutura que pudesse prove-lo nessas situações.
VII-As
Instituições Religiosas
A Igreja (servidora de Deus) procurava legitimar o modo
de agir da aristocracia, afirmando que Deus tinha distribuído tarefas
específicas a cada homem e que, portanto, uns deviam rezar pela salvação de
todos (o clero), outros deviam lutar para proteger o povo de Deus (a nobreza) e
os outros deviam alimentar com seu trabalho, aqueles que oravam e guerreavam
(os camponeses).
OBS: A Igreja tinha grande poder ideológico e coercitivo
sobre as pessoas da época e grande poder econômico, pois possuía terras em
grande quantidade e até mesmo servos trabalhando.
VIII-As
Guerras
A guerra no tempo do feudalismo era uma das
principais formas de obter poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras
para aumentar suas terras e poder. Os cavaleiros formavam a base dos exércitos
medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e espadas,
representavam o que havia de mais nobre no período medieval. O residência dos
nobres eram castelos fortificados, projetados para serem residências e, ao
mesmo tempo, sistema de proteção.
IX- Educação,
artes e cultura
Aeducação era para poucos, pois só os
filhos dos nobres estudavam. Marcada pela influência da Igreja, ensinava-se o
latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população
medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.
A arte medieval também era fortemente
marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da Bíblia
e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram
formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente
influenciadas pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
X-O fim do feudalismo
O feudalismo não terminou de uma hora para
outra, ou seja, de forma repentina. Ele foi aos poucos se enfraquecendo e sendo
substituído pelo sistema capitalista. Podemos dizer o feudalismo começou a
entrar em crise, em algumas regiões da Europa, já no século XII, com várias
mudanças sociais, políticas e econômicas. O renascimento comercial, por
exemplo, teve um grande papel na transição do feudalismo para o capitalismo.
XI-Curiosidade
Os nobres gastavam seus rendimentos em
jóias e banquetes e ocupavam seu tempo em treinamentos no uso de armas (espada,
lança e escudo), em torneios, duelos e caçadas, utilizando cães e cavalos
amestrados, símbolo de pompa e riqueza. A necessidade de melhores equipamentos,
armaduras e cotas de malhas contribuíram para o progresso da metalurgia.
BIBLIOGRAFIA
ARRUDA, José Jobson de A. & PILLETI,
Nelson. Toda a História. São Paulo: Ática, 2000.
COTRIM, Gilberto. História para o Ensino Médio
Brasil e Geral. São Paulo: Saraiva, 2002.
DIVALTE. História: Novo Ensino Médio. São
Paulo: Ática, 2000.