O feriado do “8 de
julho” é encarado, por boa parte dos sergipanos que desconhecem o motivo para o
qual foi instituído, como muitos outros: motivo para lazer e descanso das
famílias.
A ausência de portugueses nas terras sergipanas incentivou a
invasão de piratas franceses que contrabandeavam pau-brasil. A necessidade de
colonização era urgente. Além de bloquear a ação de intrusos, a conquista das
terras facilitaria a comunicação com a importante região de Pernambuco. A
primeira tentativa de colonização aconteceu em 1575, com os jesuítas, que
encontraram forte resistência dos índios. A conquista definitiva aconteceu em
1590, após violentos combates pela posse da terra, resultando no domínio dos
índios por parte das tropas portuguesas comandadas por Cristóvão de Barros.
Por ordem da Coroa portuguesa Cristóvão de Barros fundou o Arraial
de São Cristóvão, sede da capitania, à qual deu o nome de Sergipe Del Rey. Com
o crescente povoamento de Sergipe, inicia-se a criação de gado e o plantio de
cana-de-açúcar. O gado serviu de base para a economia, mas foi superado pela
cana-de-açúcar, cultivada principalmente no Vale do Cotinguiba. O cultivo da
cana trouxe os primeiros escravos da África para trabalhar na lavoura.
A presença dos holandeses no Brasil, em 1637, deixou marcas em Sergipe. Ao contrário
da invasão a Pernambuco, que resultou em conseqüências positivas, em Sergipe
foi só destruição. Em
São Cristóvão , ocupam e incendeiam a cidade, destruindo
lavouras, roubando gado, desestruturando toda a vida social e econômica da
área. Somente em 1645 as terras são retomadas pelos portugueses e é reiniciado
o processo de povoamento e recuperação da economia.
Em 1696 foi criada a comarca de Sergipe (separada da Capitania da
Bahia), conquistando sua autonomia jurídica. Entretanto, continuou dependente
política e economicamente da Bahia.
Em seguida, surgem às vilas de Itabaiana, Lagarto, Santa Luzia,
Vila Nova do São Francisco e Santo Amaro das Brotas. A autonomia durou pouco e,
em 1763, Sergipe foi novamente anexado à Capitania da Bahia. Mas, a consciência
da capacidade econômica de Sergipe, que era responsável por um terço da
produção açucareira baiana, e as constantes intervenções na vida sergipana
provocaram vários protestos contra a dependência. Foi então que, em 8 de julho
de 1820, Sergipe volta a ser autônomo, elevado por Dom João VI à categoria de
Província do Império do Brasil.
Quando chegou a notícia que Sergipe seria independente, o
Estado se dividiu em dois.
Havia aqueles que eram favoráveis e aqueles que eram contra.
Não foi fácil esse processo, foi muito turbulento, pois muitos
interesses foram contrariados: empresários da indústria açucareira em Sergipe,
vinculados à Bahia, dependentes financeiramente do mercado em Salvador,
apoiavam o movimento pela reanexação. Esse movimento contribuiu para a decisão
da Bahia em mandar tropas para depor e prender o primeiro governador de
Sergipe, eleito em fevereiro de 1821, Carlos César Bulamarque, antes
mesmo que completasse um mês de seu governo.
Em dezembro de 1822, D. Pedro I reconhece a decisão de D. João VI pela
autonomia de Sergipe e seu primeiro governo - Manuel Fernandes da Silveira -
tomou posse regularmente em 1824.
A emancipação atualmente é comemorada pelos sergipanos em duas datas: 8
de julho, data da Carta Régia e 24 de outubro, data da chegada da notícia.
“Que o dia 08 de julho seja lembrado
com orgulho pelos sergipanos, afinal é uma data consagrada pela história de
luta, progresso e dignidade de nossa gente. E que nosso hino não seja
esquecido! Alegrai-vos, sergipanos, eis que surge a mais bela aurora...”. Wanderlei Menezes - historiador
itabaianense.
HINO DE SERGIPE Letra: Prof. Manoel Joaquim de Oliveira Campos - Música: Frei José
de Santa Cecília
Alegrai-vos, sergipanos,
Eis que surge a mais bela aurora
Do áureo jucundo dia
Que a Sergipe honra e decora.
Eis que surge a mais bela aurora
Do áureo jucundo dia
Que a Sergipe honra e decora.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
A bem de seus filhos todos,
Quis o Brasil se lembrar
De o seu imenso terreno
Em províncias separar.
Quis o Brasil se lembrar
De o seu imenso terreno
Em províncias separar.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Isto se fez, mas, contudo
Tão cômodo não ficou,
Como por más conseqüências
Depois se verificou.
Tão cômodo não ficou,
Como por más conseqüências
Depois se verificou.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Cansado da dependência
Com a província maior,
Sergipe ardente procura
Um bem mais consolador.
Com a província maior,
Sergipe ardente procura
Um bem mais consolador.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Alça a voz que o trono sobe,
Que ao Soberano excitou;
E curvo o trono a seus votos,
Independente ficou.
Que ao Soberano excitou;
E curvo o trono a seus votos,
Independente ficou.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Eis, patrícios sergipanos,
Nossa dita singular,
Com doces e alegres cantos
Nós devemos festejar.
Nossa dita singular,
Com doces e alegres cantos
Nós devemos festejar.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Mandemos porém ao longe
Essa espécie de rancor
Que ainda hoje alguém conserva
Aos da província maior.
Essa espécie de rancor
Que ainda hoje alguém conserva
Aos da província maior.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
A união mais constante
Nos deverá consagrar,
Sustentando a liberdade
De que queremos gozar.
Nos deverá consagrar,
Sustentando a liberdade
De que queremos gozar.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Se vier danosa intriga
Nossos lares habitar,
Desfeitos aos nossos gostos
Tudo em flor há de murchar.
Nossos lares habitar,
Desfeitos aos nossos gostos
Tudo em flor há de murchar.
O dia brilhante
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Que vimos raiar,
Com cânticos doces
Vamos festejar.
Destaques:
· A Emancipação política de Sergipe resultou de uma luta
madura, empreendida pela elite produtora local - criadores de gado e
senhores de engenho – até então responsáveis pelo abastecimento das grandes
Capitanias da Bahia e de Pernambuco.
· Foi a partir de 1836, ou em torno desta data, que apareceu o
civismo sergipano em torno da Emancipação. O poeta e professor Oliveira Campos
fez a letra do Hino de Sergipe, musicado pelo frade José de Santa Cecília.
· Em 1855 o presidente
Inácio Joaquim Barbosa lidera a ruptura econômica da Província, abandonando São
Cristóvão para construir uma nova capital, Aracaju, para melhor escoar a
produção açucareira da região da Cotinguiba.
· O dia 24 de outubro, considerado como a data definitiva da
Emancipação, tem sido convertido no símbolo da liberdade, da independência, da
autonomia econômica, da construção da sociedade sergipana.
· De acordo com o jornalista e escritor
Luiz Antônio Barreto, é importante lembrar o contexto histórico desta data e
principalmente manter a história viva através da educação nas escolas, o que
assegura a transmissão do conhecimento para as novas gerações, “A
responsabilidade de manter o conhecimento histórico de Sergipe é de todos sem
exceção, mas neste sentido a escola tem um papel fundamental e determinante
para estimular o conhecimento pelos acontecimentos históricos e cívicos, garantindo
assim que a cultura sergipana seja mantida e repassada de geração em geração”,
afirma.
· Emancipar é se libertar e Sergipe soube fazer isso, lutou e teve a
seu favor o processo de independência do Brasil, quando Dom Pedro I ainda
príncipe validou a Carta Régia de 8 de julho, elevando novamente São Cristóvão
à categoria de cidade, sendo assim a capital da província”, completa.
· O nome Sergipe origina-se do tupi si´ri ü pe, que significa
“rio dos siris”. Mais tarde foi adotado Cirizipe ou Cerigipe, que
significa "ferrão de siri”, nome de um dos cinco caciques que se opuseram
ao domínio português.
· Sergipe está localizado
na região Nordeste. Tem como limites: Alagoas (NO), oceano Atlântico (O) e
Bahia (S e O). Ocupa uma área de 22.050,4km2 e seu clima é tropical.
Aracaju é a sua capital.
· Suas cidades mais populosas são: Aracaju, Lagarto, Itabaiana e
Estância. Seus principais rios são: São Francisco, Vaza-Barris, Sergipe, Japaratuba,
Piauí e Real.
“Decreto
– de 8 de Julho de 1820.
Isenta a Capitania de Sergip da sujeição ao
Governo da Bahia, declarando-a independente totalmente.
Convido muito ao bom regimen deste Reino do
Brasil, e a prosperidade a que me proponho elevá-lo, que a Capitania de Sergipe
de El Rei tenha um Governo independente do da Capitania da Bahia.
Hei por bem isentala absolutamente da sugeição
em que até agora tem estado do Governo da Bahia, declarando-a independente
totalmente para que o Governador della a governe na forma praticada nas mais
Capitanias independentes, communicando-se directamente com as Secretarias de
Estado competentes, e podendo conceder sesmarias na forma das Minhas Reaes
Ordens.
Thomas Antonio de Villanova Portugal, Ministro e
Secretario de Estado dos Negócios do Reino, o tenha assim entendido, e faça
executar com as participações convenientes às diversas estações.
Palácio do Rio de Janeiro e 8 de julho de 1820.
(Com a rubrica de S.M.)”
http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=37685&titulo=Luis_Antonio_Barreto
http://www.fmitabaiana.com.br/noticias.php?id=3697http://www.sergipe.se.gov.br
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